A Primeira Vez ..... a Gente não esquece
Artigo : Marco
Antonio Damian
O dia 18 de dezembro de 1966, como hoje,também foi um
domingo.Passo Fundo acordou cedo e as pessoas tinham no semblante um misto de
tensão e esperança. O tempo estava abafado e as nuvens negras se formavam no
Boqueirão (o chovedouro).
O acanhado Estádio Wolmar Salton superlotou logo na primeira
hora da tarde. O Gaúcho, de camisas verdes, calções brancos e meiões brancos
adentrou em campo para a partida final contra o temível Uruguaiana. Somente a
vitória servia, pois lá na fronteira a vitória foi dos donos da casa.
Vitória por qualquer resultado, levava para a prorrogação, que,
em caso de empate, a decisão seria nas cobranças de penaltis. Jogando pela sua
vida o Gaúcho foi empilhando gols e quando estava 3 x 0, o Uruguaiana
visivelmente se poupou em campo, espera
O aguaceiro havia chegado ainda no tempo normal. O campo de
jogo, que não era exatamente um tapete, ao contrário, era quase um terrão,
ficou um lamaçal. Aos 14 minutos do primeiro tempo da prorrogação, Antoninho,
um ponta-esquerda guerreiro, fez o gol do Gaúcho. No restante foi sofrimento. O
Uruguaiana foi para cima e um centroavante chamado Abeguar, muito bom de bola,
somente não empatou, pois o goleiro Nadir brilhou. Quase no final o Gaúcho
também perdeu a oportunidade de resolver a partida. Mas, o 1 x 0 estava
perfeito e quando o árbitro apitou o final do jogo foi um alvoroço.
A torcida entrou em campo, os jogadores eram carregados nos
ombros, todos corriam, se abraçavam, choravam, se jogaram de roupa e tudo para
dentro da piscina do clube e saíram pelas ruas, a maioria à pé, até o centro da
cidade. Faltou cerveja nos bares de Passo Fundo.
E, eu estava lá, com meus parcos 10 anos de idade, ao lado do meu tio Guigota. Vibrei, chorei e quase me perdi de meu tio.
E, eu estava lá, com meus parcos 10 anos de idade, ao lado do meu tio Guigota. Vibrei, chorei e quase me perdi de meu tio.
Os heróis alviverdes:
Nadir, goleiro revelado no Independente, aqui da cidade.
Machado, lateral, juvenil do Grêmio e que atuara no Flamengo de
Caxias.
Amâncio, experiente, viera do Aimoré.
Daizon Pontes, excelente zagueiro, passou pelo Flamengo carioca,
vinha do Pelotas.
Maneca, lateral, ex-juvenil do Grêmio, jogava no 14 de Julho,
antes do Gaúcho.
Honorato, centromédio, de Cruz Alta, ex-jogador do Riograndense,
de sua cidade natal.
Gitinha, veterano, era um misto de jogador, capitão do time e
técnico, teve excelente passagem no Grêmio.
Meca, nosso Garrincha, driblador e goleador, veloz e técnico.
Revelado pelo Veterano de Carazinho, havia atuado no 14 de Julho.
Arthur, o craque do time, jogador habilidoso, erado Flamengo de
Caxias.
Raul Matté, centroavante goleador, que no final da carreira
atuou como zagueiro. Simbolo da garra do time. Jogador do Juventude de Caxias.
Antoninho, ponteiro-esquerdo, que, junto com Raul, pertencia o
Juventude.
O Gaúcho colocou a região norte do RS no mapa do futebol. Antes,
apenas clubes de Porto Alegre, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Caxias do Sul,
Bagé, Pelotas e Rio Grande, haviam participado do gauchão.
Nosso heróis em campo foram se encontrando aos poucos lá no céu.
Devem estar comemorando. Falta apenas Honorato a se juntar à eles.
Esta é minha pequena homenagem ao Sport Club Gaúcho
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