Presença da dupla Gre-Nal na Terceirona
gera controvérsia:
"Diferença técnica é brutal"
Gilmar Rosso, presidente do Gaúcho de
Passo Fundo, é o mais irritado com a participação dos maiores clubes do Estado
com os times B
Por: ZH Wendell Ferreira 25/05/2017
Diferença de estrutura, tradição e
salários. A discrepância na realidade entre a dupla Gre-Nal e os pequenos, que
é comum na elite do futebol gaúcho, transferiu-se para a Terceirona em 2017.
Mas os pontos positivos da presença dos grandes no Estadual, contudo, não se
repetem no nível inferior. Os públicos são baixos e as rendas não fazem valer a
pena a grande diferença técnica. O que era uma reclamação exclusiva do Gaúcho
de Passo Fundo virou uma crítica quase geral: muitos clubes do Interior estão
insatisfeitos.
— A princípio, seria uma grande
novidade, um incentivo de público. Mas a superioridade deles é muito grande.
Quando foi apresentado, a gente achava que seria interessante, porque seriam só
jogadores até 23 anos sem passagem pelos times principais. Mas não tem sido
assim. Não adianta chorar as mágoas agora, paciência — analisa Tiago Guidotti,
presidente do Farroupilha.
A posição mais crítica segue com Gilmar
Rosso, presidente do Gaúcho. Único dirigente que contestou a presença da dupla
Gre-Nal desde o início, Rosso afirma que os grandes descaracterizam a
competição.
— Todos os clubes concordaram com isso.
Eu levantei a mão, estava na última fileira e desci as escadas. Disse que
aquilo era uma várzea, pedi para constarem em ata a minha frontal discordância
àquela barbaridade. Falei que se o Gaúcho fosse prejudicado, poderia entrar na
Justiça. Os presidentes dos clubes são os responsáveis por isso. Estão se
vendendo para ter uma renda com Grêmio e Inter, mas ninguém vai aos jogos. E a
diferença técnica é brutal — assegura.
As críticas, contudo, não partem de
todos os clubes. Miguel Bastos Duarte, presidente do Rio Grande, diz que a
inclusão da Dupla foi aceita pela maioria e força os times do Interior a
qualificar seus elencos.
— Por mim, não tem problema. A diferença
técnica, claro que houve. Mas não tem descontentamento, no meu ponto vista. Nós
temos uma empresa que terceirizou o nosso futebol, e ela também não teve
oposição a isso — explicou o mandatário do clube rio-grandino.
O presidente da FGF, Francisco
Novelletto, admite que a diferença técnica é grande. Mas diz que a valorização
que a Terceirona recebe compensa.
— Tem equipe que paga R$ 500, R$ 600. Os
meninos da Dupla ali chegam a ganhar R$ 20 mil, R$ 30 mil. Claro que há uma
grande diferença. Mas acho ótimo que o campeonato se valoriza, e isso não tira
vaga de ninguém. Quando a Dupla joga no Interior, lógico que dá mais público.
Rosso lembrou do jogo contra o Grêmio no
dia 8 de abril, em Eldorado do Sul.
— Ficamos várias dias trabalhando.
Marcam o jogo em Porto Alegre às 13h. Grêmio jogando com o goleiro Léo, que
agora é reserva do Grohe, com Wallace Oliveira, com Rex, Negueba. Um monte de
caras do time principal. Foi 7 a 1. Eram quase 40°C naquele horário. Cadê o
sindicato dos atletas? Cadê os advogados de porta de estádio? — questionou o dirigente.
Para dar preferência aos clubes do
Interior, algumas regras especiais foram impostas. Nas fases de mata-mata, a
dupla Gre-Nal sempre decidirá fora — mesmo que tenha melhor campanha. Os
grandes também não podem subir, e as vagas para a Divisão de Acesso de 2018
ficarão com os dois pequenos mais bem classificados.
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