Esportes
Jornal Diário da Manhã
Kleiton Vasconcellos
Passo Fundo, 25/04/2014
O FIM DE UMA ERA
A semana em que o Estádio Wolmar Salton completou 57 anos foi de despedidas. Negociado ao Hospital São Vicente de Paulo, o lugar onde o Sport Club Gaúcho escreveu a maior parte da sua história deu seus últimos suspiros como uma praça esportiva. Com a demolição do pavilhão, o local perdeu os contornos característicos e agora prepara-se para salvar vidas, através de serviços hospitalares.
O processo de demolição foi alterado,
visto que a estrutura vinha sendo frequentada por pessoas eu estavam depredando
ainda mais as já frágeis paredes. O ápice ocorreu na semana passada, quando um
princípio de fogo destruiu o espaço onde antes eram as cabines de imprensa – ao
mesmo tempo, inutilizou 15 das 980 cadeiras. Desta forma, iniciou-se a
desmontagem da obra.
Com entrada de um pesado
maquinário e de caminhões-caçambas, pouco a pouco as paredes caíram. O que pode
ser reaproveitado, como traves, 965 cadeiras e estruturas de ferro das
arquibancadas-sul foram separados. “Nós já separamos tudo isso e estamos
buscando um local para guardá-las até a conclusão da nova Arena. Cinco pessoas,
Gaúcho de coração, se prontificaram a ceder um espaço para guardar a nossa
história” afirmou o presidente do SC Gaúcho, Gilmar Rosso. Conforme o
dirigente, o clube encaminhou um ofício para que a prefeitura autorize a
utilização do Ginásio Teixeirinha como “cofre” do que será reaproveitado. “O
Teixeirinha fica ao lado da Arena e é muito prático, pois nos poupa de bancar o
transporte dessas cadeiras, traves e estruturas” complementou Rosso. Caso a prefeitura não ceda o ginásio,
as alternativas apresentadas pelos torcedores do clube serão utilizadas.
GILMAR ROSSO
Em paralelo, o entulho proveniente da
demolição já estava sendo levado a um novo local. “Estamos utilizando o
material para nivelar o terreno da Arena. Isso não é um entulho, é sim a
história do Gaúcho que vai junto para o futuro, com a Arena” complementou
Rosso. Toda a demolição do Estádio deve ser concluída na semana que vem – mesmo
prazo para a retomada das obras de construção da Arena.
À DISPOSIÇÃO
Tão logo o drama de onde seriam depositadas as cadeiras do Wolmar Salton foi
estampado no Jornal Diário da Manhã, várias pessoas se colocaram à disposição
para guardar o material. O empresário Pedro Lago, torcedor do clube, foi um dos
que quer ajudar. “Tenho um bom local, uma antiga fábrica e seria uma honra
ajudar o clube, sou Gaúcho de coração” afirmou Lago.
Outro que se dispôs foi o diretor do
Sest Senat, Paulo Faccio. “Logo que vi no jornal, liguei para o presidente
Gilmar e coloquei a nossa estrutura à disposição. Temos um campo de futebol 7,
onde 100 dessas cadeiras podem ser utilizadas até a Arena ficar pronta”
contou.
Ele, que foi zagueiro do clube entre
1971 e 1980, guarda grandes recordações do Estádio Womar Salton. “Eu tenho uma
história curiosa aqui: era o capitão do time e sempre busquei, nos sorteio, que
a gente atacasse no 1º tempo para o Boqueirão, onde a torcida botava pressão no
goleiro adversário. Esse estádio me trás recordações boas e tristes, de jogos
ganhos e perdidos” relembrou. Para Faccio, que jogava sob o apelido de Mário
Tito, o melhor Gaúcho foi de 1972. “Carlos Alberto; Gringo, Mário Tito, Daizon
Pontes e Luis Carlos; Raul, Roberto e Luis Freire; Leivinha, Bebeto e Serginho.
Com esses, a Dupla Gre-Nal sofria aqui” expôs.
57 ANOS RECÉM-COMPLETOS
De acordo com informações do historiador Marco Antonio Damian, o Estádio Wolmar
Salton foi inaugurado em 24 de abril de 1957 (na quinta-feira fez 57 anos) no
jogo Gaúcho x Grêmio. Ainda não tinha nome, portanto não se chamava Estádio Wolmar
Salton. O Grêmio venceu por 8x2. Os gols do Gaúcho foram marcados por Armando
Rebechi e Careca, que se chamava Oli Albuquerque, que depois foi empresário do
ramo de máquinas agrícolas em Passo Fundo. O Gaúcho saiu vencendo por 1x0, gol
do Rebechi, o primeiro do estádio.
O Gaúcho atuou com: Rebequinho, Finco, Vete e Hugo Loss; Branco Ughini e Alberi Ribeiro (Nicanor); Enir (Perez), Vetinho, Careca, Rebechi e Aderbal Pitágoras.
O Grêmio teve: Onetti, Figueiró,
Airton Pavilhão e Bob; La Guardia e Enio Rodrigues; Toquinho, Gessy,
Juarez, Delém e Vieira. Com exceção do goleiro Onetti, o lateral Bob e o
volante La Guardia, este era paraguaio, o restante vestiu a camisa da seleção
brasileira. Delém jogou no Vasco e no River Plate e depois foi
treinador das categorias de base do River e do Boca. D'Alessandro foi treinado
por ele na base do River.
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